Desde Mendel, existe um conflito filosófico entre os biólogos evolutivos e os biólogos moleculares e isto ficou bem claro neste programa.
Para ser mais clara: no programa “Segredos do Pedigree” veiculados no canal Animal Planet, os biólogos evolutivos fizeram questão de salientar os problemas genéticos dos cães de raça pura e não deram a oportunidade aos biólogos moleculares demonstrarem os sucessos obtidos.
O programa tem alguns pontos verdadeiros. A maioria dos criadores possui um critério de seleção baseado em conhecimentos empíricos de genética e existe o conceito de que quando ocorre uma doença genética, o que se pode fazer é sacrificar o animal se ele for seriamente afetado, ou não se importar muito com o problema se ele não impedir a reprodução. Isto se torna preocupante quando os criadores acreditam que os benefícios do endocruzamento compensam a disseminação de problemas genéticos em uma raça.
Cabe também uma pergunta: Existe realmente o aumento na incidência de doenças genéticas ou existem mais cães diagnosticados e tratados?
Por outro lado, a possibilidade de diagnósticos avançados pode dar-nos uma grande ferramenta na prevenção de doenças hereditárias e doenças com disposição genética que são provocadas pelo ambiente.
Um exemplo de sucesso alcançado pelos criadores americanos é a redução de 20% para 3% da incidência da deficiência do fator X da coagulação nos Cocker Spaniel, em somente 9 anos. Porém o melhor exemplo de todos foi o programa para controlar a atrofia progressiva da retina nos cães da raça Irish Setter, na própria Inglaterra, local da “MONTAGEM” do programa, onde a doença foi erradicada. Mas isso não dá IBOPE.
Existem vários exemplos de sucesso em programas de seleção, mas estas doenças não são obrigatoriamente as doenças mais importantes para saúde funcional dos cães (como as doenças “exploradas” no programa) e por conveniência não foram citadas no referido programa. Para doenças multifatoriais (displasia, epilepsia, seringomielia – exploradas pelos repórteres), onde o ambiente tem o papel preponderante no fenótipo dos cães, o resultado da seleção de um cão não diz necessariamente a verdade sobre o genótipo. Nestes casos um acasalamento baseado em ÍNDICE DE SELEÇÃO ou invés de CRITÉRIO DE SELEÇÃO é uma ferramenta muito mais valiosa no controle das doenças, especialmente se este índice de seleção for baseado não somente no resultado da seleção do cão em si, mas também em um grande número antepassados e parentes.
Não sou contra o endocruzamento, muito pelo contrário, quando bem direcionado, é uma ferramenta muito importante, mas é preciso ter critérios rígidos. Fazer endocruzamento baseado em um único critério (provas de trabalho) ou na seleção fenotípica de caracteres morfológicos, sem avaliar atentamente a saúde genética e sem ter conhecimento sobre coeficiente de inbreeding, herdabilidade e heterogenidade genética, é a melhor forma de se detonar uma raça.
quarta-feira, 29 de julho de 2009
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