quarta-feira, 10 de junho de 2009

O cão mais feroz do mundo

Dachshund é o cão mais feroz do mundo, diz estudo
BBC Brasil.com - 06/07/2008 - 13h16

Nada de Pitt Bull, Rottweiller ou Pastor Alemão, as raças mais agressivas do mundo são Dachshund, Chihuahua e Jack Russell Terriers, de acordo com um estudo recente da Universidade da Pensilvânia, nos Estados Unidos.

A pesquisa foi publicada na última edição da publicação científica Applied Animal Behavior Science e afirma que um em cinco dachshunds, também conhecidos como cães salsicha, já atacou ou tentou atacar estranhos; um em 12 dos salsichas já atacou os próprios donos.

A lista dos mais ferozes é: Dachshund, Chihuahua, Jack Russell Terrier, Akita, Pastor Australiano, Pit Bull, Beagle, Springer Spaniel Inglês, Border Collie e Pastor Alemão.

Estes são alguns dos resultados do levantamento com 6.000 donos de cães de 30 raças diferentes. De acordo com os questionários, as raças que mais tendem a atacar humanos são Dachshund e Chihuahua.

Já os cães menos agressivos, de acordo com a pesquisa, são Golden Retrievers, Labradores, São Bernardos, Britanny Spaniels e Greyhounds.

Os "bad boys" caninos, raças que enfrentam má fama de serem muito agressivas, como Pitt Bulls e Rottweillers, ficaram na média de agressividade canina ou até abaixo, no que diz respeito a ataques contra estranhos.

Os pesquisadores afirmam que o estudo indica que raças menores tendem a ser mais agressivas que as maiores.

A diferença nos resultados dessa pesquisa para outros levantamentos sobre agressividade canina pode se dever ao fato de normalmente serem usadas estatísticas médicas de ataques a mordidas. Como os ataques de cães maiores costumam causar ferimentos mais graves que os menores, estas estatísticas poderiam estar distorcidas, afirmam os acadêmicos americanos.

Colado de http://bichos.uol.com.br/ultnot/bbc/ult4550u427.jhtm


O estudo científico:

Breed differences in canine aggression
Applied Animal Behaviour Science
Volume 114, Issues 3-4, 1 December 2008, Pages 441-460

Deborah L. Duffy, Yuying Hsu and James A. Serpell
Center for the Interaction of Animals and Society, Department of Clinical Studies, School of Veterinary Medicine, University of Pennsylvania, 3900 Delancey Street, Philadelphia, PA 19104-6010, USA
Department of Life Sciences, National Taiwan Normal University, Taipei 116, Taiwan

Abstract
Canine aggression poses serious public health and animal welfare concerns. Most of what is understood about breed differences in aggression comes from reports based on bite statistics, behavior clinic caseloads, and experts’ opinions. Information on breed-specific aggressiveness derived from such sources may be misleading due to biases attributable to a disproportionate risk of injury associated with larger and/or more physically powerful breeds and the existence of breed stereotypes. The present study surveyed the owners of more than 30 breeds of dogs using the Canine Behavioral Assessment and Research Questionnaire (C-BARQ), a validated and reliable instrument for assessing dogs’ typical and recent responses to a variety of common stimuli and situations. Two independent data samples (a random sample of breed club members and an online sample) yielded significant differences among breeds in aggression directed toward strangers, owners and dogs (Kruskal–Wallis tests, P < 0.0001).

Eight breeds common to both datasets (Dachshund, English Springer Spaniel, Golden Retriever, Labrador Retriever, Poodle, Rottweiler, Shetland Sheepdog and Siberian Husky) ranked similarly, rs = 0.723, P < 0.05; rs = 0.929, P < 0.001; rs = 0.592, P = 0.123, for aggression directed toward strangers, dogs and owners, respectively. Some breeds scored higher than average for aggression directed toward both humans and dogs (e.g., Chihuahuas and Dachshunds) while other breeds scored high only for specific targets (e.g., dog-directed aggression among Akitas and Pit Bull Terriers). In general, aggression was most severe when directed toward other dogs followed by unfamiliar people and household members. Breeds with the greatest percentage of dogs exhibiting serious aggression (bites or bite attempts) toward humans included Dachshunds, Chihuahuas and Jack Russell Terriers (toward strangers and owners); Australian Cattle Dogs (toward strangers); and American Cocker Spaniels and Beagles (toward owners). More than 20% of Akitas, Jack Russell Terriers and Pit Bull Terriers were reported as displaying serious aggression toward unfamiliar dogs. Golden Retrievers, Labradors Retrievers, Bernese Mountain Dogs, Brittany Spaniels, Greyhounds and Whippets were the least aggressive toward both humans and dogs. Among English Springer Spaniels, conformation-bred dogs were more aggressive to humans and dogs than field-bred dogs (stranger aggression: Mann–Whitney U test, z = 3.880, P < 0.0001; owner aggression: z = 2.110, P < 0.05; dog-directed aggression: z = 1.93, P = 0.054), suggesting a genetic influence on the behavior. The opposite pattern was observed for owner-directed aggression among Labrador Retrievers, (z = 2.18, P < 0.05) indicating that higher levels of aggression are not attributable to breeding for show per se.
Keywords: Aggression; Dog; Breed; Agonistic behavior

Lei da Posse Responsável

Substitutivo ao Projeto de Lei N° 121, DE 1999
Estabelece a disciplina legal para a propriedade, a posse, o transporte e a guarda responsável de cães.
O Congresso Nacional decreta:
Art. 1 °. É livre a criação e reprodução de cães de quaisquer raças em todo o território nacional.
Parágrafo único. Desde que obedeçam às normas de segurança e contenção estabelecidas nesta Lei, os cães poderão transitar em logradouros públicos independentemente de horário.
Art. 2°. Os cães de qualquer origem, raça e idade serão vacinados anualmente contra raiva, leptospirose e hepatite.
§ 1°. A vacinação será feita sob a supervisão de médico veterinário, que emitirá o respectivo atestado;
§2º. O atestado de vacinação anti-rábica deve conter dados identificadores do animal, bem como dados sobre a vacina, data e local em que foi processada, sua origem, nome do fabricante, número da partida, validade, dose e via de aplicação.
§ 3°. O descumprimento das normas deste artigo sujeita os responsáveis a multa de R$ 150,00 (cento e cinqüenta reais) por dia de descumprimento, ficando o animal sujeito à apreensão pelo poder público.
§ 4°. Se quem descumpre a norma é criador ou comerciante de cães, a multa do parágrafo anterior se aplica em dobro.
Art. 3°. Por ocasião da vacinação o médico veterinário, realizará avaliação do animal, levando em conta sua raça, porte, comportamento, declarando seu grau de periculosidade.
Parágrafo único. A avaliação referida no caput será realizada de acordo com as normas de procedimento médico veterinário, estabelecidas pelo Conselho Federal de Medicina Veterinária ou órgão que o suceda.
Art. 4°. O cão, de qualquer raça, que for considerado perigoso na avaliação referida no artigo anterior estará sujeito às seguintes medidas:
I - realização de adestramento adequado, obrigatório;
II- condução em locais públicos ou veículos apenas com a utilização de equipamento de contenção, como guias curtas , coleira com enforcador, caixas especiais para transporte e uso de tranqüilizantes, quando necessário;
III - guarda em condições adequadas à contenção do animal, sob estrita vigilância do responsável, de modo a tornar impossível a evasão;
IV- identificação eletrônica individual e definitiva, através de microship projetado especialmente para uso animal, inserido sub-cutaneamente na base do pescoço, na linha média dorsal, entre as escápulas, por profissional credenciado pelo Conselho Federal de Medicina Veterinária, obedecendo as seguintes especificações:
a) codificação pré-programada de fábrica e não sujeita a alterações de qualquer ordem;
b) isenção de substâncias tóxicas e uso de material esterilizado desde o fabrico, com prazo de validade indicado;
c) encapsulamento e dimensões que garantam a bio-compatibilidade, e a não migração;
d) decodificação por dispositivo de leitura , que permita a visualização dos códigos do artefato.
Art. 5°. A identificação eletrônica do artigo anterior servirá para a criação e manutenção do Cadastro Nacional de Cães Perigosos, a ser mantido pelas entidades cinófilas nacionais.
Parágrafo único. O cadastro conterá os dados de identificação do cão perigoso e seu proprietário, bem como os dados individualizadores da identificação eletrônica e o registro de controle da vacinação anti-rábica anual.
Art. 6°. O criador, proprietário ou responsável pela guarda do animal responde civil e penalmente pelos danos físicos e materiais, decorrentes de agressão dos animais a qualquer pessoa, seres vivos ou bens de terceiros.
§1°. O disposto no caput não se aplica, se a agressão se der em decorrência de invasão ilícita da propriedade que o cão esteja guardando ou se for realizada em legítima defesa de seu condutor.
§2°. Nos locais em que for necessária , haverá, exposta, em local visível, placa de advertência da presença de animal feroz.
§ 3°. Quando o cão for de uso das Forças Armadas ou órgãos de segurança pública, se sujeitará às normas próprias dessas corporações, ressalvados os casos de abuso.
Art. 7°. Se o cão agredir uma pessoa, será imediatamente recolhido e mandado à reavaliação pelo médico veterinário, que, após observação, emitirá parecer sobre o possível desvio de comportamento.
§1°. Havendo parecer pela impossibilidade de manutenção do cão no convívio social sem risco para outras pessoas, o veterinário poderá emitir parecer recomendando o sacrifício do cão agressor, a ser realizado também por médico veterinário, após a devida sedação.
§ 2°. O parecer pela eliminação do animal também poderá ser dado, se houver reincidência em agressão ou sua comprovada habitualidade.
Art. 8° Havendo o parecer referido no artigo anterior e com ele não concordando o proprietário do animal, poderá a questão ser submetida ao Juizado Especial Cível, em ação própria.
Parágrafo único. No curso do processo, o juiz poderá determinar o recolhimento do animal em estabelecimento apropriado, às expensas do proprietário.
Art. 9°. É vedada a veiculação, por qualquer meio, de propagandas, anúncios ou textos que realcem a ferocidade de cães de quaisquer raças, bem como a associação dessas raças com imagens de violência.
Art. 10º. Acrescenta-se ao Decreto-Lei n° 2.848, de 7 de dezembro de 1940, Código Penal, o seguinte art. 131-A:
"OMISSÃO DE CAUTELA NA GUARDA OU CONDUÇÃO DE ANIMAL PERIGOSO
Art. 131-A. Confiar à guarda de pessoa inexperiente ou menor de 18 (dezoito) anos, guardar ou transportar sem a devida cautela animal perigoso:
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa, se o fato não constitui crime mais grave.
Parágrafo único. Incorre nas mesmas penas quem:
I - deixa em liberdade animal que sabe ser perigoso;
II - atiça ou irrita animal, expondo a perigo a segurança alheia ;
III - conduz animal em via pública de modo a pôr em perigo a segurança de outrem ou deixa de observar as medidas legais exigidas para condução de cães considerados perigosos por avaliação veterinária;
IV - deixar de utilizar métodos de contenção, identificação eletrônica ou adestramento de animais perigosos;
V - veicular ou fazer veicular propagandas ou anúncios que incentivem a ferocidade e violência de cães de quaisquer raças;
VI - utilizar cães em lutas. competições de violência e agressividade ou rinhas. “
Art. 11. Esta lei entra em vigor 45 ( quarenta e cinco) dias a partir da data de sua publicação.
Sala da Comissão, 22 de setembro de 1999.
Relator: Deputado EDUARDO PAES
Autor da Lei: Dep. Federal Cunha Bueno (PPB/SP)

Colado de <http://www.nutriara.com.br/caes/leis.asp>

Dicas para se ter animais em apartamentos

Os vizinhos que não tem animais em casa, muitas vezes sentem incomodados com a presença dos bichos. O ideal é encontrar uma solução de bom senso, entre moradores, vizinhos e síndicos para que você possa criar seu bichinho sem incomodar ninguém. Se não houver acordo, você pode recorrer ao Tribunal de Pequenas Causas. A seguir, dicas para se manter uma harmonia no prédio.

• Procure não circular com eles em áreas comuns do condomínio. Caso tenha que fazê-lo, use guia e coleira ou carregue-os no colo.
• Quando sair com eles use sempre o elevador de serviço, portando-os no colo ou contidos pela guia/coleira. Mantenha sua cabeça voltada para o chão do recinto.
• Recolha imediatamente o material que eles, eventualmente tenham feito nas dependências do prédio. Limpe o local.
• Mantenha-os sempre em perfeitas condições de saúde e higiene e com a vacinação em dia. O acompanhamento constante de um veterinário é indispensável.
• Mantenha relações de cortesia com o síndico e moradores, para que seus animais sejam bem aceitos.
• Não os deixe fazer barulho (miar, latir etc.) a ponto de incomodar o seu vizinho, principalmente ao deixá-los sozinhos.
• Procure convencer o síndico de que uma área sem muito uso no prédio seria de grande utilidade para as pessoas levarem seus animais para tomar sol, que é a maior fonte de saúde.

Posse Responsável
A Constituição da República Federativa do Brasil, através da Lei. n° 4591/64, dá o direito a todos os cidadãos, propriedade, sendo considerados os animais como semoventes (e portanto bens que podem ser propriedade de alguém). Leis municipais ou convenções de condomínio não podem proibir algo que é permitido pela Constituição, a Lei Maior do país. Só poderá haver intervenção do município se a posse do animal (ou dos animais) representar ameaça à Saúde Pública.
O mais importante é manter um diálogo amigável e a determinação de acordos que estabeleçam direitos e deveres para condôminos e condomínios. Caso você esteja tendo problemas com o seu Condomínio, sugerimos primeiramente que tente fazer um acordo mútuo de responsabilidades. Como? Estabelecendo limites para a circulação de animais em áreas comuns. No caso de cães, há exemplos em que o dono deve usar elevador de serviço, carregar o animal no colo ou usar as escadas. Se o cão for muito grande, o proprietário do animal fica encarregado de desinfetar o elevador quando usá-lo junto com o animal.
Essas medidas são apenas exemplos, aqui não existem regras. Cada caso é um caso e os acordos podem variar de acordo com a determinação do juiz. No caso de multas impostas pelo Condomínio, também vêm funcionando os acordos amigáveis. Em vez de pagar a multa, o morador pode prestar um serviço ao condomínio e passa a restringir a presença do animal em áreas comuns.
Os juízes podem impor deveres diferentes para cada caso. Eles podem determinar que cães devam usar focinheira ou serem transportados dentro de caixas. Essas decisões devem ser acatadas, pois há que se respeitar o direito daqueles que não querem animais circulando pelo edifício.
Vivemos numa democracia, e assim como você tem o direito de ter seu animal, deve ser respeitado o direito de quem não se sente bem com a presença deles. Imagine se o seu vizinho deixasse o cão ou o gato solto pelo corredor e o animal defecasse em áreas de uso comum. Você iria reclamar... e com razão, mas sugerimos sempre um acordo entre as partes. É mais humano, mais democrático e muito mais fácil que lidar com a Justiça.
Ter animais é um direito, mas é importante se falar em "posse responsável". Se você for à Justiça, poderá continuar com o animal, mas terá que cumprir regras para que o seu direito seja respeitado. Caso a possibilidade de acordo seja rejeitada e esteja havendo resistência, desconhecimento ou dúvidas em relação à interpretação da Lei n° 4591/64 e do art. 554 do código civil, você pode levar o caso para o Tribunais de Pequenas Causas. Alguns estados têm leis que limitam o número de animais que se pode ter por metro quadrado. No caso de pessoas que têm muitos animais num apartamento, essas leis municipais precisam ser verificadas. No entanto, o que mais vem funcionando, são acordos mútuos de responsabilidade entre o proprietário do animal e os demais condôminos. Neste casos o melhor é consultar um advogado.

O que diz a Lei sobre o assunto
Animais em apartamentos. LEI N° 4591/64.
Título I - Do Condomínio
Capítulo V - Utilização da edificação ou do conjunto de edificações
Art. 19 - Cada condômino tem o direito de usar e fruir, com exclusividade, de sua unidade autônoma, segundo suas conveniências e interesses, condicionados, umas e outros, às normas de boa vizinhança, e poderá usar as partes e coisas comuns de maneira a não causar dano ou incômodo aos demais condôminos ou moradores, nem obstáculos ou embaraço ao bom uso das mesmas partes por todos.
Constituição Federal, Art. 225
Artigo 554 - O proprietário ou inquilino de um prédio tem o direito de impedir que o mau uso da propriedade vizinha possa prejudicar a segurança, o sossego e a saúde dos que o habitam.

Colado de <http://www.nutriara.com.br/caes/leis.asp>

DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS DIREITOS DOS ANIMAIS

1. Todos os animais têm o mesmo direito à vida.
2. Todos os animais têm direito ao respeito e à proteção do homem.
3. Nenhum animal deve ser maltratado.
4. Todos os animais selvagens têm o direito de viver livres no seu habitat.
5. O animal que o homem escolher para companheiro não deve ser nunca ser abandonado.
6. Nenhum animal deve ser usado em experiências que lhe causem dor.
7. Todo ato que põe em risco a vida de um animal é um crime contra a vida.
8. A poluição e a destruição do meio ambiente são considerados crimes contra os animais.
9. Os diretos dos animais devem ser defendidos por lei.
10. O homem deve ser educado desde a infância para observar, respeitar e compreender os animais.

PREÂMBULO
Considerando que todo o animal possui direitos;
Considerando que o desconhecimento e o desprezo desses direitos têm levado e continuam a levar o homem a cometer crimes contra os animais e contra a natureza;
Considerando que o reconhecimento pela espécie humana do direito à existência das outras espécies animais constitui o fundamento da coexistência das outras espécies no mundo;
Considerando que os genocídios são perpetrados pelo homem e há o perigo de continuar a perpetrar outros;
Considerando que o respeito dos homens pelos animais está ligado ao respeito dos homens pelo seu semelhante;
Considerando que a educação deve ensinar desde a infância a observar, a compreender, a respeitar e a amar os animais,

PROCLAMA-SE O SEGUINTE
Artigo 1º
Todos os animais nascem iguais perante a vida e têm os mesmos direitos à existência.
Artigo 2º
1.Todo o animal tem o direito a ser respeitado.
2.O homem, como espécie animal, não pode exterminar os outros animais ou explorá-los violando esse direito; tem o dever de pôr os seus conhecimentos a serviço dos animais.
3.Todo o animal tem o direito à atenção, aos cuidados e à proteção do homem.
Artigo 3º
1.Nenhum animal será submetido nem a maus tratos nem a atos cruéis.
2.Se for necessário matar um animal, ele deve de ser morto instantaneamente, sem dor e de modo a não provocar-lhe angústia.
Artigo 4º
1.Todo o animal pertencente a uma espécie selvagem tem o direito de viver livre no seu próprio ambiente natural, terrestre, aéreo ou aquático e tem o direito de se reproduzir.
2.Toda a privação de liberdade, mesmo que tenha fins educativos, é contrária a este direito.
Artigo 5º
1.Todo o animal pertencente a uma espécie que viva tradicionalmente no meio ambiente do homem tem o direito de viver e de crescer ao ritmo e nas condições de vida e de liberdade que são próprias da sua espécie.
2.Toda a modificação deste ritmo ou destas condições que forem impostas pelo homem com fins mercantis é contrária a este direito.
Artigo 6º
1.Todo o animal que o homem escolheu para seu companheiro tem direito a uma duração de vida conforme a sua longevidade natural.
2.O abandono de um animal é um ato cruel e degradante.
Artigo 7º
Todo o animal de trabalho tem direito a uma limitação razoável de duração e de intensidade de trabalho, a uma alimentação reparadora e ao repouso.
Artigo 8º
1.A experimentação animal que implique sofrimento físico ou psicológico é incompatível com os direitos do animal, quer se trate de uma experiência médica, científica, comercial ou qualquer que seja a forma de experimentação.
2.As técnicas de substituição devem de ser utilizadas e desenvolvidas.
Artigo 9º
Quando o animal é criado para alimentação, ele deve de ser alimentado, alojado, transportado e morto sem que disso resulte para ele nem ansiedade nem dor.
Artigo 10º
1.Nenhum animal deve de ser explorado para divertimento do homem.
2.As exibições de animais e os espetáculos que utilizem animais são incompatíveis com a dignidade do animal.
Artigo 11º
Todo o ato que implique a morte de um animal sem necessidade é um biocídio, isto é um crime contra a vida.
Artigo 12º
1.Todo o ato que implique a morte de grande um número de animais selvagens é um genocídio, isto é, um crime contra a espécie.
2.A poluição e a destruição do ambiente natural conduzem ao genocídio.
Artigo 13º
1.O animal morto deve de ser tratado com respeito.
2.As cenas de violência de que os animais são vítimas devem de ser interditas no cinema e na televisão, salvo se elas tiverem por fim demonstrar um atentado aos direitos do animal.
Artigo 14º
1.Os organismos de proteção e de salvaguarda dos animais devem estar representados a nível governamental.
2.Os direitos do animal devem ser defendidos pela lei como os direitos do homem.

COMO DENUNCIAR MAUS TRATOS

Se você vir um animal ser maltratado, chame a Polícia Militar ou vá a Polícia Civil e denuncie exigindo que seja cumprido o art. 32 da Lei 9605/98. Caso os policiais não se sensibilizem, lembre que prevaricação é crime e que você vai levar o caso ao delegado ou ao Secretário de Segurança Pública. Você pode também denunciar sobre tráfico de animais, envenenamentos e espetáculos que praticam abusos e maus tratos (circos, rodeios, vaquejadas etc).
Outra forma de denuncia é a Linha Verde. O telefone da Linha Verde é 0800-61-8080. A ligação é gratuita de qualquer lugar do Brasil. As denúncias sobre maus-tratos a animais correspondem à metade das ligações feitas à Linha Verde do Ibama. Somente no Distrito Federal, pelo menos cinco pessoas denunciam esse tipo de agressão por dia.

LEI Nº 9.605, DE 12 DE FEVEREIRO DE 1998.
Dispõe sobre as sanções penais e administrativas derivadas de condutas e atividades lesivas ao meio ambiente, e dá outras providências.
Art. 32. Praticar ato de abuso, maus-tratos, ferir ou mutilar animais silvestres, domésticos ou domesticados, nativos ou exóticos:
Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa.
§ 1º Incorre nas mesmas penas quem realiza experiência dolorosa ou cruel em animal vivo, ainda que para fins didáticos ou científicos, quando existirem recursos alternativos.
§ 2º A pena é aumentada de um sexto a um terço, se ocorre morte do animal.

domingo, 7 de junho de 2009

A charada da vida.


Por Maria Ignez Carvalho Ferreira
Instituto de Veterinária - UFRRJ

No livro A origem das espécies, publicado em 1859, Darwin afirma que as características individuais são passadas dos pais para os filhos e que estas são “fatores hereditários” que controlam a vida de todos nós. Essa afirmação levou os cientistas a uma busca frenética para decifrar os mecanismos hereditários responsáveis pela vida.
Em 1865, Gregor Mendel demonstrou que as características dos descendentes eram herdadas de gerações anteriores, dando margem ao chamado determinismo genético, ou seja, os genes determinariam nossas características, e estas não poderiam ser alteradas. Esta explicação ganhou dimensão de doutrina ao inspirar experimentos eugênicos e nos livrou da responsabilidade sobre nossas ações, jogando toda responsabilidade na biologia.
Desde o inicio do século vinte, os pesquisadores *1 vêm tentando decifrar os mecanismos hereditários responsáveis pela vida. A pesquisa chegou ao fim 50 anos atrás, quando James Watson e Francis Crick descreveram a estrutura e a função da espiral dupla do DNA, o material do qual os genes são feitos. Os cientistas finalmente entendiam os “fatores hereditários” que Darwin mencionou em seus manuscritos no século XIX.
Quando a estrutura do DNA foi elucidada e o código genético decifrado, ficou obvio que, trocas mesmo em um único nucleotídeo do DNA, poderia drasticamente interromper a leitura da informação genética. Os genes passaram então a ser a explicação para tudo e os mecanismos pelos quais o DNA controla a vida biológica se tornaram o dogma central da biologia molecular, descrito com detalhes em todos os livros.
No final do século 20, uma das ilusões mais cultivadas foi a de que o Projeto Genoma desvendaria os responsáveis por disparar centenas de doenças. Se, num primeiro momento, o seqüenciamento do genoma pretendia “desvendar o código da vida” e seqüenciar em humanos cerca de 100 mil genes, sua conclusão desmitificou a superioridade humana, ao revelar que nosso genoma (com cerca de 30 mil genes) difere pouco do genoma das plantas e que 99% dos genes têm equivalência em camundongos. O Projeto Genoma mostrou que embora os seres humanos pudessem ter um genoma muito maior que os organismos menos complexos, não apresentavam muitos mais genes codificantes de proteína*2.
Mais do que esmiuçar seqüências de genes para encontrar qual deles estava relacionado a alguma enfermidade ou comportamento, os pesquisadores buscaram entender como os genes se encaixavam e interagiam entre si. Verificaram que os genes comportavam-se diferentemente em células de tecidos distintos, podiam ser ativados ou desativados, podiam dar origem a produtos diferentes e que outras estruturas além do DNA, desempenhavam papéis fundamentais na síntese de proteínas. Concluíram que as teorias evolutivas centradas nos genes são limitadas e que o quadro de primazia do DNA tem muitas falhas.
Começaram então a surgir observações de que os padrões hereditários poderiam ser modificados pelo ambiente, trazendo a tona uma teoria arduamente debatida desde que Lamarck (1744-1829) concebeu a idéia que levou seu nome.
A ciência atual deixa claro que pelo menos um terço do que observamos não se encaixa na genética mendeliana clássica (Premios Nobel 2006 em química e fisiologia ou medicina) e que há dois mecanismos pelos quais os organismos transmitem suas informações hereditárias. Ambos permitem aos cientistas estudar tanto as contribuições da natureza (genes) quanto as do ambiente (mecanismos epigenéticos).
Os mecanismos epigenéticos modificam a leitura do gene sem modificar o código de DNA. Este novo e mais sofisticado fluxo de informações da biologia começa com um sinal do ambiente que age sobre as proteínas reguladoras, depois sobre o DNA, o RNA e finalmente sobre o resultado final, a proteína.
Quando a genética mendeliana apareceu, biólogos evolutivos levaram quase 30 anos para alcançá-la. O mesmo acontece agora. Hoje, a transmissão de características adquiridas é conhecida até em humanos. A hereditariedade epigenética é um fato, mas, pode levar mais vinte anos até que os biólogos evolutivos a alcancem.
O Projeto Genoma*3, mais do que um fim, representou um recomeço da investigação sobre o complexo funcionamento de organismos vivos. Após estudar o conjunto de nossa informação genética, ficou claro que, mais do que genes, somos também nosso ambiente, nossa sociedade, nossas decisões.
A epigenética foi a rasteira que a natureza deu nos geneticistas que julgavam ter matado a charada da vida.

*1 No campo da genética algumas descobertas foram laureadas com o premio Nobel de fisiologia ou medicina enquanto outras receberam o premio de química (Morgan 1933, Crick, Watson e Wilkins 1962, Nirenberg e Khorana 1968, Berg, Gilbert e Sanger 1980, Mc Clintock 1983, Altman e Cech 1989, Roberts e Sharp 1993, Mullis e Smith 1993, Fire e Mello 2006, Kornberg 2006, Capecchi, Smithies e Evans 2007).

*2 O DNA (ácido deoxiribonucleico) contém as informações para formar as proteínas, que realizam todas as funções e determinam características dos organismos vivos. É uma molécula grande composta de quatro unidades básicas (nucleotídeos) ligadas em uma longa fita. Se atribuirmos a cada unidade uma letra, então podemos representar os genes codificantes de proteína como sendo palavras longas espalhadas ao longo do cromossoma. Estas “palavras” têm um significado especial e codificam um jogo de instruções a respeito de que tipo de proteína será construída. Todo erro em uma palavra, mistura a leitura da informação genética e poderá interromper ou alterar a proteína a ser formada (mutação).

*3 Aspectos importantes do Código Genético:
- O código genético é válido para qualquer ser vivo.
- A leitura do código genético é feita sem sobreposições ou pausas; se 1 ou 2 nucleotídeos são deletados, a leitura torna-se completamente diferente a partir do ponto da deleção.
- Um códon específico codifica sempre o mesmo aminoácido.
- A complexidade morfológica e fisiológica dos seres vivos não é necessariamente refletida em diversidade do número de genes.

Leituras complementares:

Dias Correia, J. H. R.; Dias Correia, A.A. Alguns aspectos funcionais do epigenoma, genoma e transcriptoma nos animais. Revista electrónica de Veterinaria 2007, Vol. VIII Nº 10.
http://www.veterinaria.org/revistas/redvet

Eckhardt,F., Beck, S., Gutt, I.G. e Berlin, K. Future potential of the Human Epigenome Project. Expert Rev Mol Diagn 2004, Sep;4(5):609-18.

Garcia, E.S. Epigenética: além da seqüência do DNA.
http://www.jornaldaciencia.org.br/

Lindsten, J. e Ringertz, N. The Nobel Prize in Physiology or Medicine, 1901-2000. inserido de:
http://nobelprize.org/nobelprizes/medicine/articles/lindsten-ringertz-rev/index.html

What is Epigenetics?
http://www.epigenome-noe.net/aboutus/epigenetics.php

Ensinando Xixi e Cocô no Lugar Certo


Ensinar o cachorro a fazer xixi e cocô no lugar certo é uma das preocupações mais freqüentes dos donos de cães. Entretanto, o que muita gente não sabe é que existem diversos motivos para o cão não fazer as necessidades no local adequado. E, mais importante ainda, a maneira correta de treinar o peludo depende do quê está causando o problema.
Antes de mais nada é preciso entender que, para ter sucesso no treinamento de cães, é essencial saber como funciona a mente deles. O aprendizado dos cães é baseado em associações, feitas por meio de tentativas, erros e acertos. Uma associação que gera um resultado positivo e prazeroso para o cachorro fica fixada de forma intensa na memória, e tende a ser repetida até se tornar um hábito. Por exemplo, se ele ganhar um petisco todas as vezes que fizer xixi no lugar certo, vai tentar acertar cada vez mais. De forma contrária, uma associação que gera um resultado negativo para o cachorro tende a ser abandonada e esquecida. É por isso que o treinamento com recompensa (petisco, "muito bem", brinquedo ou carinho) é muito mais produtivo do que o treinamento com punição.
É importante frisar que a associação só acontece como desejado se a causa e o efeito distarem entre si de no máximo poucos segundos. Ou seja, só adianta recompensar ou reclamar com o cão durante ou logo imediatamente após o ato. Se passar mais tempo, o cachorro fará a associação (positiva ou negativa) com o próximo evento qualquer que vier a seguir. Em outras palavras, não adianta nada, absolutamente nada o dono brigar com o cachorro quando chega em casa e encontra um xixi no lugar errado. O cachorro vai associar a bronca com a chegada do dono e não com o xixi no tapete.
Nesse ponto do texto algumas pessoas podem estar pensando: "O meu cachorro sabe quando agiu errado, pois ele faz cara de culpa". Ou então: "O meu cachorro faz isso de propósito, para se vingar de mim". Nenhuma dessas afirmações é verdade. Em primeiro lugar porque os cães não têm noção de certo e errado, eles fazem o que fazem baseados em seus instintos. E em segundo lugar porque as emoções dos cães são muito mais básicas do que as nossas. Sendo assim, é correto afirmar que os cães sentem medo, dor (física ou emocional), lealdade e respeito, por exemplo. Mas não é certo dizer que eles demonstram sentimentos complexos (e na maioria das vezes negativos), como ciúme, culpa e vingança, tão típicos dos humanos.
O que é interpretado como culpa, na verdade é submissão, o cão simplesmente reage àquela postura do dono. O cachorro percebe quando o dono está com raiva e sabe que isso significa uma baita bronca, então tenta (inutilmente, tadinho) aplacar a ira do dono com uma postura submissa. Os cães são incrivelmente inteligentes, da maneira deles (é complicado comparar inteligências entre espécies diferentes). Eles aprendem a "ler" os humanos muito melhor do que nós mesmos sabemos, porque eles são bastante observadores. Diversos pequenos sinais que fazemos automaticamente, como franzir a testa e cerrar os punhos quando estamos com raiva, são um letreiro em neon para os cães. Eles aprendem em pouco tempo a associar os nossos gestos, posturas corporais e expressões faciais com as atitudes que tomamos em seguida, e simplesmente reagem de acordo.
De forma similar, a tão erroneamente famosa vingança é na realidade estresse ou dominância. As pessoas tendem a interpretar as reações dos bichos com base nos comportamentos dos humanos, e isso ocasiona uma abordagem completamente equivocada para o problema, causando frustração e desgastando o relacionamento entre o dono e o animal. Aquele xixi fora do lugar pode indicar que o peludo tem Ansiedade de Separação ou até que ele se acha o dono do pedaço. Sendo assim, vamos subdividir o assunto "xixi e cocô" em etapas e trabalhar cada uma delas individualmente, logo a seguir.

• XIXI DE FILHOTE
Um filhote de cachorro, assim como um bebê humano, não consegue segurar o xixi na bexiga e nem o cocô no intestino. Quando necessário, o organismo simplesmente libera o que tem de ser liberado, na hora que for. Para alívio dos donos, um filhote aprende muito mais rápido do que um bebê. Quando o filhote tem em média 6 meses de idade, ele normalmente já tem controle sobre as funções da bexiga e do intestino, ou seja, ele já percebe quando está "apertado" e precisando ir ao banheiro. Antes disso, alternadamente acertar e errar o local do xixi e do cocô é comum e faz parte do processo natural de aprendizagem para um filhote.
A maneira mais rápida de fazer com que um filhote guarde direitinho na memória onde é o local correto para fazer as necessidades é estar com ele o tempo todo. Essa é a regra mais importante quando se tem um filhote em casa: vigilância constante. Assim é possível evitar objetos roídos e xixis nos locais errados. Ninguém deixa uma criança pequena sozinha sem supervisão, deixa? Da mesma forma, um filhote nunca deveria ficar sozinho em locais onde ele possa se machucar e/ou estragar alguma coisa.
Quando o pequeno não puder ser vigiado por qualquer intervalo de tempo que seja, ele deverá ser colocado numa área segura (à prova de filhotes), ventilada, cercada e com boa parte do piso forrada com o mesmo material que o filhote deverá aprender a usar como banheiro (jornal, tapete higiênico, areia sanitária, etc.). Nessa área, o peludo deve ter sombra, proteção contra o vento, água limpa, uma caminha, muitos brinquedos e algumas coisas para roer. À medida em que ele for crescendo, o espaço reservado para o banheiro deverá ser reduzido aos poucos até um limite adequado ao porte do cão (é melhor sobrar do que faltar). O peludo nunca deve levar bronca nem ficar de castigo nessa área.
Se o dono (ou alguém da casa) se mantiver sempre atento a tudo o que o filhote estiver fazendo, ele vai poder levar o pequeno ao lugar adequado logo quando começar a "dança" típica do xixi e cocô. A não ser quando estão realmente muito "apertados", os cães sempre são umas voltinhas e umas cheiradinhas no chão antes de fazer as necessidades. Prestando atenção a esses sinais, o dono poderá levar o filhote a tempo para o local correto, lembrando de recompensá-lo pelo acerto com um petisco e um cafuné.
Além da "dança", outra dica é que os cães possuem um relógio biológico muito preciso e, sendo animais de rotina, preferem fazer tudo sempre nos mesmos horários. Os filhotes têm a bexiga pequenininha e, portanto, a quantidade de xixi que cabe lá dentro é mínima, por isso eles precisam se aliviar mais vezes do que os adultos. Mas, como regra geral, os cães fazem as necessidades num prazo de até 90 minutos depois de acordar, depois de comer e depois de se exercitar/brincar. Esses são os horários mais críticos, nos quais a vigilância deve ser rigorosa.
Vale lembrar mais uma vez que o importante é focar nos acertos e não nos erros. Se (e somente se) o dono pegar o filhote no flagra fazendo no lugar errado, ele pode falar "não, aí não", pegar o pequeno no colo e levá-lo para o local correto. Nesse local, o peludo deve então ser estimulado a continuar de onde parou, por meio de um tom de voz suave. Caso saia nem que seja um tiquinho de xixi ou de cocô, o filhote deve ser recompensado com muita festa.

• XIXI DE ESTRESSE
O mesmo problema do xixi de filhote pode acontecer também em cães mais velhos que já tinham até aprendido a fazer as necessidades no local correto, mas que de uma hora para outra estão passando por um estresse muito grande em suas vidas. Exemplos típicos são: mudança de casa, chegada de um outro animal, chegada de um bebê, ausência prolongada de um dos donos, etc.
Dependendo do cão, até a mais suave mudança na rotina pode ser suficiente para desencadear um retrocesso no aprendizado. A forma de se lidar com isso é retomando o treinamento básico e voltando a supervisionar o cachorro como se ele fosse um filhote. Eliminar ou pelo menos reduzir ao máximo a causa do estresse também ajuda. Se o dono investir no treinamento, normalmente o peludo não demora muito para retornar aos seus hábitos normais.

• XIXI DE ANSIEDADE DE SEPARAÇÃO
Esse é um outro tipo de xixi também causado por estresse. A diferença fundamental é que, nesse caso, o estresse não é uma situação isolada, e sim um fato constante na vida do pobre cachorro. Um peludo que acompanha o dono por todos os cantos da casa, como uma sombra, e que vive querendo colo o tempo todo, sofre muito quando precisa ficar sozinho. Ao contrário do que muita gente pensa, viver grudado nos donos não é nada saudável para o bicho, que pode terminar desenvolvendo Ansiedade de Separação.
Os cachorros que apresentam esse problema sofrem horrores sempre que os donos precisam se ausentar, seja por um dia inteiro ou por apenas alguns minutos (por não terem noção de tempo, eles não percebem a diferença). Os sintomas variam desde pequenos choramingos a verdadeiros escândalos sonoros, por vezes acompanhados de destruição da casa ou de si mesmos (lamber-se sem parar até causar feridas) e de muitos xixis nos lugares errados.
Um peludo com Ansiedade de Separação tem certeza absoluta de que o apocalipse está próximo e que se ele não fizer alguma coisa, e logo, o dono nunca mais vai conseguir resgatá-lo naquele labirinto de cômodos sem fim. Com esse intuito em mente, o coitado procura os lugares que sabe que o dono costuma freqüentar bastante, como o quarto ou a sala, torcendo para encontrar lá um xixi-recado do dono dizendo "volto já". Como não encontra nada, o peludo resolve deixar o seu próprio xixi-recado dizendo "não esqueça de mim". Então ele segue fazendo xixi no maior número de lugares possível, na esperança de que o dono consiga encontrá-lo assim que voltar.
A maneira de abordar esse problema é ensinando ao cachorro que às vezes ele vai precisar ficar sozinho, e que o mundo não vai se acabar por causa disso. O dono deve começar deixando o peludo sozinho por alguns poucos minutos e ir aumentando gradativamente até chegar em horas, mas sempre disponibilizando muitos brinquedos e ossos para entreter o cachorro. Jogos do tipo "esconder o petisco" são excelentes e o dono pode também guardar alguns brinquedos especiais para entregar somente nessas ocasiões. O treinamento deve ter início com o dono ainda em casa, mas em hipótese alguma o cachorro deve receber atenção se começar a fazer escândalo.

• XIXI DE SUBMISSÃO
Esse tipo de problema é comum em cães jovens e/ou inseguros, e se apresenta como aquele xixi que o cachorro faz quando vê alguém de quem gosta e respeita muito. Às vezes a demonstração é de forma eufórica, com excesso de entusiasmo. Às vezes é bastante comedida, com excesso de formalidade. De um jeito ou de outro, esse tipo de xixi é um gesto de submissão muito cordial no mundo dos cães, uma comprovação dos bons modos ensinados na escola de etiqueta canina. Em outras palavras, é um sinal de que o cachorro aceita a liderança da pessoa em questão.
Normalmente esse tipo de comportamento vai diminuindo aos poucos até acabar por completo, à medida que o peludo vai crescendo e sentindo mais confiança em si mesmo e no novo ambiente. A melhor maneira de lidar com isso é simplesmente ignorando o fato, sem brigar e também sem tentar confortar o cachorro dizendo coisas do tipo "está tudo bem".
Os cães muito inseguros às vezes sentem medo quando alguém se aproxima deles, e o medo é uma das causas do xixi de submissão. Para evitar isso, o ideal é deixar o peludo no cantinho dele sossegado e esperar que ele próprio tome a iniciativa de se aproximar. Quando isso acontecer, a pessoa não deve fazer movimentos bruscos, deve se abaixar para ficar menos intimidadora, não deve olhar a cachorro diretamente nos olhos e deve procurar falar com ele num tom de voz calmo.
Assim que o peludo tiver tomado as vacinas e estiver liberado pelo veterinário para sair na rua, é fundamental começar a passear com ele, inicialmente em locais bem calmos, para que ele possa conhecer novos lugares, pessoas de todos os tipos, outros animais, sons, cheiros e superfícies os mais variados possíveis. Isso é um excelente exercício para aumentar a autoconfiança, além de ser extremamente necessário para a saúde física e mental de todo e qualquer cachorro.

• XIXI DE MARCAÇÃO DE TERRITÓRIO
Quando um cachorro entra na adolescência, por volta dos 8 meses de idade, ele pode começar a desafiar os donos e a infringir as regras, exatamente como fazem alguns adolescentes humanos. E não há forma melhor de se rebelar do que desrespeitar a hierarquia vigente, correto? Para um cão isso significa, dentre outras coisas, marcar território dentro de casa, ou seja, fazer xixi e cocô em cantos estratégicos e bem visíveis. Funciona como aquela pichação do tipo "eu estive aqui".
A adolescência é marcada pelo afloramento dos hormônios e também coincide com a época em que o peludo começa a fazer xixi com a pata levantada. Os cães que marcam território têm a habilidade de guardar uma parcela do xixi no "tanque" reserva. O xixi de necessidade fisiológica é diferente do xixi de marcação de território. O de necessidade fisiológica é liberado de uma vez só, com intervalos grandes entre um e outro. O de marcação de território é liberado muitas vezes, com intervalos curtos entre um e outro, objetivando abranger o maior número de lugares possível. A marcação de território é mais comum nos machos, mas as fêmeas também podem apresentar esse comportamento, algumas até de pata levantada, igualzinho aos machos.
Para resolver esse problema, é preciso antes de tudo que o dono mostre quem é que manda na casa (claro que não é o cachorro!). O peludo precisa entender que só quem tem direito de marcar território dentro de casa é o dono, pois é o território dele. Isso é obtido através de um conjunto de fatores, dentre eles treinar comandos de obediência (senta, deita, fica, junto, etc.), para que o cão possa obedecer sempre antes de ganhar qualquer coisa (comida, carinho, passeio, etc.).
Outro ponto importante é que tudo, absolutamente tudo o que diz respeito aos humanos precisa obedecer às três regrinhas básicas da hierarquia: "Eu ganho primeiro", "Eu vou na frente" e "Eu fico mais alto". Em outras palavras, significa que sempre os humanos comem primeiro, andam na frente, sentam e deitam em posições mais altas. Dividir esses privilégios com o cachorro significa dividir o poder da liderança também, incluindo todas as conseqüências decorrentes disso.
Uma alternativa que pode ajudar bastante no problema da marcação de território é a castração. Ao contrário do que muitos pensam, essa cirurgia traz inúmeros benefícios para a saúde e para o comportamento do cachorro, tanto para o macho quanto para a fêmea. Os animais castrados têm menos chances de desenvolver certos tipos de câncer, costumam ser menos agressivos, brigam menos com outros cães e vivem mais.

• XIXI DE INCONTINÊNCIA URINÁRIA
Da mesma forma que acontece com nós humanos, alguns cães quando chegam na terceira idade passam a sofrer de incontinência urinária. Nesse caso não há muito o que fazer, pois não é culpa do cachorro nem é um problema para o qual ele possa ser treinado. É preciso ter muita paciência com o peludo e é necessário aceitar que a incontinência pode fazer parte do processo natural de envelhecimento do companheiro canino. O recomendável é tornar a vida do cão a mais agradável possível, sempre disponibilizando uma superfície absorvente para ele dormir em cima.
Outra causa para a incontinência, apesar de rara, pode acontecer em certas fêmeas castradas, caso haja alguma aderência na parede da bexiga. À critério do veterinário, essas fêmeas podem ser medicadas com hormônios para amenizar o problema, mas em geral a maneira de lidar com o assunto é a mesma que no caso da incontinência por idade.

• XIXI POR OUTROS MOTIVOS
Quando o cachorro começa a fazer xixi ou cocô no lugar errado de uma hora para outra (o fator "de uma hora para outra" é muito importante para avaliar corretamente a situação), e o problema não se enquadra em nenhuma das opções acima, pode ser então um sinal de que alguma coisa está errada. Um cachorro que pára de fazer as necessidades também merece atenção. Um dos primeiros sintomas de problemas de saúde é uma mudança brusca no comportamento rotineiro. Nesses casos é importante levar o peludo o quanto antes ao veterinário, para que sejam feitos os exames necessários.
Alguns outros motivos podem vir a dificultar muito o treinamento de xixi e cocô. Quando o filhote é retirado muito cedo da companhia da mãe e dos irmãos, por exemplo. Para aprender as regras caninas, incluindo as noções básicas de higiene, um filhote precisa permanecer na ninhada até completar pelo menos 7 ou 8 semanas de vida, ou seja, 50 a 60 dias. Outro exemplo é quando a própria cadela não aprendeu as regras e, portanto, não sabe passá-las para os filhotes. Por isso é tão importante ver as condições de higiene nas quais os filhotes nasceram e foram criados. Além desses aspectos, vale mencionar também que certas raças simplesmente demoram mais do que outras para aprender onde fica o banheiro.

Independe do que estiver causando o xixi ou cocô no lugar errado, é importante limpar esses locais muito bem, para minimizar as chances de reincidência causada por cheirinhos antigos. Os produtos normalmente encontrados em pet shops são suficientes até o limite do nosso olfato, mas estão longe de eliminar os odores para o apuradíssimo olfato dos cachorros. Uma analogia interessante é se uma pessoa suada resolvesse colocar perfume por cima, sem antes tomar um bom banho. Seria possível sentir o cheiro do suor misturado ao cheiro do perfume, não é mesmo? Raciocínio idêntico pode ser aplicado quando desinfetantes, água sanitária, vinagre ou similares são usados para limpar os locais errados onde o peludo fez as necessidades. Todos esses produtos apenas encobrem os odores, sem no entanto removê-los. Por causa disso, o cachorro volta a fazer xixi e cocô nesses mesmos lugares, guiado pelos cheiros dos xixis e cocôs antigos que continuam lá.
Para eliminar completamente os cheirinhos de urina e fezes dos lugares impróprios, a solução é usar removedores de odores à base de bactérias inofensivas (exemplo: Enzilimp) ou de enzimas (exemplo: Premium da Mundo Animal). Esses produtos funcionam porque destroem as moléculas que causam os odores, eliminando-os por completo. Os locais se tornam novamente neutros, ou seja, sem cheiros que atraiam o peludo a voltar lá. Para aumentar ainda mais a eficácia do processo, o ideal é aplicar em seguida um repelente do tipo líquido (exemplo: Repell Pet) ou do tipo granulado se for numa área externa com plantas (exemplo: No Dog & No Cat da Minato). O repelente fará os locais neutros serem desagradáveis para o cachorro. Todas as marcas citadas podem ser encontradas à venda no site da BitCão (www.bitcao.com.br), a loja virtual da Lord Cão - Treinamento de Cães (www.lordcao.com.br).

Escrito por
Sandra Régia - 2008
Treinadora Especialista em Comportamento Canino
Lord Cão - Treinamento de Cães Ltda.
sandra@lordcao.com.br - www.lordcao.com.br
fones: (81) 3341-1472 ou 9994-5631
Blog:www.lordcao.blogspot.com

Padrão Oficial da Raça DOBERMANN

CONFEDERAÇÃO BRASILEIRA DE CINOFILIA
Filiada à Fédération Cynologique Internationale
Classificação F.C.I.:
Grupo 2 - Pinscher e Schnauzer, Molossóides, Boiadeiros e Montanheses Suíços e raças assemelhadas.
Seção 1 - Molossóides
1.1 - Tipo Pinscher e Schnauzer

Padrão FCI no 143 - 14 de fevereiro de 1994.
País de origem: Alemanha
Nome no país de origem: Dobermann
Utilização: Companhia, guarda e trabalho
Sujeito à prova de trabalho para campeonato internacional.
Sergio Meira Lopes de Castro - Presidente da CBKC
Domingos Josué Cruz Setta - Presidente do Conselho Cinotécnico
Tradução: Suzanne Blum
Impresso em: 23 de junho de 2003.

BIS, BISS, BOS Nacional 97 Ch. Astro de J.I.F. ( Del-Phy's Soaring Eagle x Black Girl of Bayrone)


RESUMO HISTÓRICO: o Dobermann é a única raça que leva o nome do seu criador de origem, Friedrich Louis Dobermann (02.01.1834- 09.06.1894). Supõe-se que ele fora um cobrador de impostos, gerente de abatedouro (vísceras) e, em período não integral, pegador de cães, legalmente habilitado a apreender todos os cães perdidos. Para sua criação, ele escolheu de sua reserva, os cães que eram particularmente agressivos. Os assim chamados "cães de açougueiros", que eram considerados, nessa ocasião, uma raça relativamente pura, tiveram um papel muito importante na origem da raça Dobermann. Estes cães foram um tipo antigo de Rottweiler, misturados com um tipo de pastor preto com manchas marrons que existiu em "Thüringen". Esta mistura de raça foi trabalhada pelo Sr. Dobermann nos anos de 1870. Deste modo, obteve, "sua raça": não apenas alerta, mas um cão de trabalho altamente protetor para casa e família. Eles eram freqüentemente utilizados como guardiães e cães de polícia. Sua extensa utilização no trabalho policial deu-lhe o apelido de "Gendarme dog". Eram também, utilizados em caçadas para controlar grandes animais predadores. Nessas circunstâncias, era claro que o Dobermann fosse reconhecido oficialmente como "Cão de Polícia", no início do século XX.
O padrão da raça Dobermann pede um cão de porte médio, poderoso e musculoso. Apesar de sua substância ele deve ser elegante e nobre, o que se evidencia pela sua silhueta. Deve ser excepcionalmente adequado como cão de companhia, proteção e utilidade, como também, cão de família.

APARÊNCIA GERAL: o Dobermann é de tamanho médio, de construção forte e musculoso. Através das elegantes linhas de seu corpo, seu porte orgulhoso e sua expressão determinada, ele configura a imagem ideal de um cão.

PROPORÇÕES IMPORTANTES: a conformação do Dobermann aparenta ser quase quadrada, particularmente nos machos. O comprimento do corpo, medido da ponta do ombro até a ponta da nádega, não deve ser maior que 5% da sua altura na cernelha ao solo, nos machos e 10% nas fêmeas.

COMPORTAMENTO / TEMPERAMENTO: a característica do Dobermann é ser amigável e calmo; muito dedicado à família e gosta de crianças. É desejável um temperamento e agressividade médios. É desejado, também, um limiar médio de excitação. Fácil de ser treinado, o Dobermann gosta de trabalhar, devendo possuir para tal, uma boa habilidade, coragem e firmeza. São requeridos valores de autoconfiança e intrepidez, como também, adaptabilidade e atenção para se ajustar ao ambiente social.

CABEÇA
REGIÃO CRANIANA: forte e em proporção ao corpo. Vista por cima, a cabeça tem a forma de uma cunha. Vista pela frente, a linha do crânio deve ser quase plana sem cair para as orelhas. A linha do focinho se estende quase reta, em relação à linha superior do crânio, a qual cai suavemente arredondada para a linha do pescoço. A arcada superciliar é bem desenvolvida, sem ser proeminente. O sulco sagital é ainda visível. O occipital não deve ser eminente. Vista de frente e de cima, os lados da cabeça não devem ser protuberantes. A ligeira protuberância entre a parte posterior do osso maxilar superior e o osso malar deve estar em harmonia com o comprimento total da cabeça. Os músculos da cabeça devem ser bem desenvolvidos.
Stop: leve, mas visivelmente desenvolvido.

REGIÃO FACIAL
Trufa: narinas bem desenvolvidas, mais para largas que para redondas, com aberturas amplas, sem serem proeminentes. Preta, em cães pretos; nos cães marrons, tons correspondentes mais claros.
Focinho: deve estar em proporção com o crânio, ser fortemente desenvolvido e profundo. A abertura da boca deve ser ampla, alcançando os molares. Uma boa largura do focinho também deve estar presente nas partes superior e inferior dos incisivos.
Lábios: devem ser firmes e lisos, bem juntos aos maxilares, o que proporciona uma correta oclusão da boca. O pigmento das gengivas deve ser escuro; nos cães marrons um tom ligeiramente mais claro.
Maxilares / Dentes: poderosos maxilares, tanto o superior quanto o inferior; mordedura em tesoura; 42 dentes corretamente colocados e de tamanho normal.
Olhos: de tamanho médio, ovais e de cor escura. Nuanças mais claras são permitidas em cães marrons. Pálpebras bem aderentes e revestidas por pêlos. Alopecia (é o mesmo que falta de pêlos) ao redor dos olhos é altamente indesejável.
Orelhas: de inserção alta, portadas eretas e cortadas com um comprimento proporcional à cabeça. Nos países onde o corte é proibido, as orelhas inteiras são igualmente reconhecidas (de preferência, tamanho médio e com a borda anterior caindo rente às bochechas).

PESCOÇO: de bom comprimento, proporcional ao corpo e à cabeça. É seco e musculoso. Seu contorno é ascendente e ligeiramente curvado. Seu porte é ereto e demonstra muita nobreza.

TRONCO
Cernelha: pronunciada em comprimento e altura, especialmente nos machos, determinando, assim, uma linha superior ascendente da garupa para a cernelha.
Dorso: curto e firme, de boa largura e bem musculoso.
Lombo: de boa largura e bem musculoso. A fêmea pode ser ligeiramente mais longa no lombo porque ela requer de espaço para amamentar.
Garupa: levemente caída, dificilmente perceptível do osso sacro à raiz da cauda, parecendo assim bem arredondada, sem ser horizontal nem caída. Boa largura com forte musculatura.
Peito: o comprimento e a profundidade devem ser bem proporcionais ao comprimento do corpo. A profundidade com costelas ligeiramente arqueadas, deve ser de, aproximadamente, 50% da altura do cão na cernelha. Peito de boa largura e especialmente bem desenvolvido no antepeito.
Linha inferior: da ponta do esterno à pélvis, a linha inferior é perceptivelmente esgalgada.

CAUDA: de inserção alta e amputada curta, de forma que duas vértebras caudais permaneçam visíveis. Nos países onde a caudectomia é proibida, a cauda permanece natural.

MEMBROS ANTERIORES
Generalidades: vistos de qualquer ângulo, são quase retos, verticais para o solo e fortemente desenvolvidos.
Ombros: escápula bem ajustada contra o tórax, bem musculosos em ambos os lados da borda da escápula e ultrapassa o ápice da vértebra torácica, o mais inclinada possível e bem colocada para trás. O ângulo com a horizontal é de aproximadamente, 50%.
Braços: de bom comprimento, bem musculosos, o ângulo com a escápula é de aproximadamente 105° a 110°.
Cotovelos: bem ajustados, sem virarem para fora.
Antebraços: fortes e retos. Bem musculosos. Comprimento em harmonia com o corpo inteiro.
Carpos: fortes.
Metacarpos: ossatura forte. Vistos de frente, retos. Vistos de perfil, com uma ligeira inclinação, máximo 10°.
Patas anteriores: curtas e fechadas. Dedos bem arqueados para cima (pés-de-gato). Unhas curtas e pretas.

POSTERIORES
Generalidades: vistos por trás, o Dobermann parece, por causa do seu bom desenvolvimento muscular pélvico nas ancas e garupa, largo e arredondado. Os músculos, que vão da bacia para a coxa e a perna resultam em uma largura bem desenvolvida, na região da coxa, na articulação do joelho e na perna. Os posteriores são fortes, retos e paralelos.
Coxas: de bom comprimento e largura, bem musculosas. Boa angulação da articulação coxofemoral. Angulação com a horizontal de aproximadamente 80° a 85°.
Joelhos: articulação forte, formada pela coxa, perna, bem como a rótula. A angulação do joelho é de 130°.
Pernas: de comprimento médio e em harmonia com o comprimento total dos membros posteriores.
Jarretes: medianamente fortes e paralelos. A tíbia articula-se com o metatarso na articulação do jarrete (ângulo em torno de 140°).
Metatarsos: curtos e verticais ao solo.
Patas posteriores: assim como os anteriores, os dedos são curtos, arqueados e compactos. Unhas curtas e pretas.

MOVIMENTAÇÃO: de especial importância tanto para o trabalho quanto para a aparência externa. Movimentação elástica, elegante, ágil, livre e boa cobertura de solo. Os anteriores alcançam o mais longe possível. Os posteriores fornecem a impulsão necessária pela elasticidade de seus movimentos. O anterior de um lado e o posterior de outro se movimentam ao mesmo tempo. Deve apresentar boa estabilidade no dorso, nos ligamentos e articulações. O dorso tem boa firmeza quando o cão se movimenta.

PELE: bem ajustada por todo corpo e bem pigmentada.

PELAGEM
Pêlos: curtos, duros e espessos. Muito bem assentados, lisos e igualmente distribuídos sobre toda a superfície. Subpêlos não são admitidos.

COR: preto ou marrom, com marcações vermelho ferrugem claramente definidas e limpas. As marcas estão sobre o focinho, nas bochechas, acima dos olhos, na garganta, duas marcas no antepeito, nos metacarpos, metatarsos e patas, na face interna das coxas, nos braços e sob a cauda.

TAMANHO / PESO
Altura: no ponto mais alto da cernelha.
Machos: 68 - 72 cm.
Fêmeas: 63 - 68 cm. O tamanho médio é o desejado.
Peso: Machos: em torno de 40 - 45 quilos.
Fêmeas: em torno de 32 -35 quilos.

FALTAS: qualquer desvio dos termos deste padrão deve ser considerado como falta e penalizado na exata proporção de sua gravidade.

Aparência geral: inversão de características sexuais; pouca substância; muito leve ou pesado; muito pernalta; ossos fracos.
Cabeça: muito pesada; muito estreita; muito curta; muito longa; muito ou pouco stop; nariz romano; inclinação inadequada da linha superior do crânio; mandíbula fraca; olhos redondos ou em fenda; olhos claros; bochechas muito pesadas; lábios pendentes; olhos protuberantes ou muito profundos; orelhas inseridas muito altas ou muito baixas; comissura labial frouxa.
Pescoço: ligeiramente curto; muito curto; pele solta na garganta; barbela; muito longo (em desarmonia); pescoço de ovelha.
Tronco: falta de firmeza no dorso; garupa caída; dorso selado; dorso carpeado; arqueamento de costelas insuficiente ou excessivo; profundidade ou largura de peito insuficiente; linha superior muito longa; falta de antepeito; cauda inserida alta demais ou muito baixa; linha inferior esgalgamento insuficiente ou excessivo.
Membros: angulação muito aberta ou muito fechada dos anteriores e posteriores; cotovelos soltos; desvio da posição padrão e do comprimento de ossos e articulações; patas muito juntas ou muito afastadas; jarrete de vaca, expulsão de jarretes, jarretes muito juntos; patas abertas ou cedidas; dedos insuficientemente arqueados; unhas claras.
Pelagem: manchas muito claras ou nitidamente indefinidas; marcação suja (carvoada); máscara muito escura; grandes manchas pretas nos membros; marcação no peito quase invisível ou muito grande; pêlo longo, macio, encaracolado ou sem brilho. Pelagem fina; áreas sem pêlos; grandes tufos de pêlos particularmente no tronco; subpêlo visível.
Caráter: autoconfiança inadequada; temperamento muito forte; agressividade muito alta; nível de excitação muito baixo ou muito alto.
Tamanho: desvio do tamanho em mais de 2 cm do determinado pelo padrão resulta em uma qualificação mais baixa.
Movimentação: bamboleante; limitada ou dura; passo de camelo.

DESQUALIFICAÇÕES
Gerais: inversão acentuada de características sexuais.
Olhos: amarelos (olhos de falcão); olhos porcelanizados.
Dentição: prognatismo superior ou inferior; mordedura em torquês; qualquer ausência de dente.
Pelagem: manchas brancas; pêlos muito longos e ondulados; pelagem fina ou grandes áreas destituídas de pêlos.
Caráter: exemplares medrosos, nervosos ou agressivos.
Tamanho: desvio de mais de 2 centímetros acima ou abaixo do que o determinado pelo padrão.

NOTAS:
· os machos devem apresentar os dois testículos, de aparência normal, bem descidos e acomodados na bolsa escrotal.
· todo cão que apresentar qualquer sinal de anomalia física ou de comportamento deve ser desqualificado.

O mito das “cirurgias estéticas” em cães.

Maria Ignez Carvalho Ferreira
Instituto de Veterinária, UFRRJ

Recente matéria, veiculada na mídia, sobre a regulamentação de alguns procedimentos cirúrgicos em animais, trouxe à tona um tema bastante polêmico: O mito sobre as chamadas “cirurgias estéticas” em cães.
Como médica veterinária, professora universitária, criadora e simpatizante dos movimentos de proteção animal, não posso deixar de me preocupar com as conseqüências para o bem estar animal da resolução 877 do Conselho Federal de Medicina Veterinária.
Considero que a colocação em prática desta resolução, sem uma avaliação mais profunda de suas implicações futuras, ao invés de estimular princípios básicos da profissão de Médico Veterinário, só estimulará uma atuação amadora e não ética.
A ação restritiva imposta aos médicos veterinários, credenciados e legalizados, invariavelmente acarretará a proliferação do charlatanismo.
É preciso enfatizar que a conchectomia (cirurgia de orelha) e a caudectomia (corte da cauda), realizadas dentro de técnicas cirúrgicas adequadas e por profissionais competentes, não podem ser consideradas cirurgias desnecessárias, estéticas ou “mutilantes” (*). São cirurgias eletivas, atendendo perfeitamente às necessidades funcionais e zootécnicas para as quais as raças caninas, que dela se utilizam, foram desenvolvidas. Realizadas por pessoas não credenciadas, constituem um risco enorme ao bem estar animal.

(*) O termo “mutilante” foi utilizado pelo Conselho Federal de Medicina Veterinária na resolução 877 de 15 de fevereiro de 2008. A autora se exime de sua aplicação.
Em pesquisa bibliográfica realizada, a autora não encontrou nenhuma literatura científica que se referisse ao termo. Na literatura mundial, conchectomia e a caudectomia são consideradas cirurgias eletivas ou cosméticas e não existe nenhum dado estatístico sobre elas.


A tradição de se rotular estas cirurgias como “estéticas” ou “mutilantes” foi adquirida em função do desconhecimento de alguns princípios básicos que tentaremos esclarecer.

1) Biologia.
O cão doméstico (Canis lupus familiaris) é uma variedade ou sub-raça do lobo (Canis lupus) pertencem a classe Mammalia (1). Na maioria das vezes não nos damos conta que uma das principais características desta classe é a presença de meato auditivo longo e aurículas externas grandes, móveis e em concha. Essas características dos mamíferos térreos contribuem para o aumento da acuidade auditiva. Além disso, a aurícula ajuda a determinar a direção do som e, em conjunto com um meato auditivo longo, concentra sons oriundos de uma área relativamente grande. Nenhum mamífero térreo, exceto as variedades ou sub-raças dos animais domésticos desenvolvidas pelo homem, possui o meato auditivo encoberto pela aurícula. A sensibilidade auditiva de um mamífero terrestre pode ser reduzida se as orelhas são totalmente removidas ou quando algum detalhe anatômico dificulta a penetração do som no conduto auditivo.

2) História.
Desde a pré-história os homens primitivos representavam os canídeos com as orelhas eretas. No Brasil, o homem pré-histórico, que provavelmente habitou o cerrado a partir de 15 mil anos atrás, deixou inscrições na forma de figuras gravadas ou pintadas na rocha (figura 1). Abundantes e visualmente impactantes, os zoomorfos (representações de animais) se destacam nos sítios arqueológicos do Brasil central (referência 2).
Figura 1: Arte rupestre no Brasil. Na pintura, um canídeo parece latir de forma ameaçadora para um veado (Foto Ana Carolina Neves) (referência 2).

No norte da Europa, descobriu-se "cães das turfeiras" que datam de 10.000 a.C. e cujo estudo permitiu concluir que esta variedade tinha a aparência de um Spitz do Norte, de orelhas curtas e retas, pêlo longo e cauda enroscada por cima dos quartos traseiros.
No Egito era freqüente a representação de cães assemelhados a galgos de orelhas eretas, nas pinturas murais ou nos baixos-relevos.
Os gregos foram os primeiros a adotarem os cães como animais de companhia. Em vasos pintados e colunas da época clássica, aparecem cães de caça de orelhas finas e pontudas e focinho afilado.
Num dos mais célebres mosaicos de Pompéia (figura 2), aparece a representação de um cão de orelhas eretas, com uma expressiva legenda que aparece destacada no mosaico: "Cuidado com o cão" (Cave canem) (referência 3).


Figura 2: "Cuidado com o cão" (Cave canem), famoso mosaico de Pompéia (referência 3).

3) Evolução e função zootécnica.
Ao longo dos séculos, através da domesticação, o ser humano realizou uma seleção artificial dos indivíduos que melhor atendiam aos seus objetivos. O resultado foi uma grande variedade de raças caninas.
Partindo do princípio que os cães primitivos tinham o pavilhão auricular ereto, o desenvolvimento de raças caninas de orelhas pendentes surgiu por intermédio de seleção artificial, talvez na intenção diminuir a audição dos cães para a caça. Esta seleção artificial resultou em alterações anatômicas de conformação do canal auditivo e orelhas pendentes, principais fatores predisponentes proliferação de microorganismos, desenvolvimento de otites e surdez (referência 4).
Há de se notar que a conchectomia não é praticada nos cães cuja função zootécnica é a caça, ficando praticamente restrita aos cães de proteção que necessitam de maior acuidade auditiva na realização da função para o qual foi selecionado.
A conchectomia realizada dentro de técnicas éticas, não impede de maneira alguma a capacidade de expressão do comportamento natural da espécie, muito pelo contrário. Cortando-se parcialmente a aurícula dos cães de proteção, os movimentos de ereção, abaixamento e rotação das orelhas ficam facilitados, dando aos cães melhores condições de espantar insetos e se proteger de mordida de outros cães. Tal procedimento também facilita a circulação de ar no conduto auditivo, diminui a umidade local e melhora a percepção dos sons e acuidade auditiva, diminuindo as chances de proliferação de microorganismos que conduzem à otite.
Quanto à caudectomia ela é realizada nos cães de caça, com a finalidade de evitar acidentes e está na dependência do tipo de terreno onde o animal trabalha e da forma como o cão porta a cauda. Nos cães de proteção, a caudectomia só é realizada nas raças que portam a cauda acima da linha do dorso. Seu o objetivo é diminuir os pontos de apoio para quem pretenda neutralizar a ação do cão. Todas as raças nas quais a caudectomia é realizada, têm como característica o porte da cauda acima da linha do dorso e mobilidade acentuada. Estas características predispõem os animais de trabalho ao desenvolvimento de ferimentos freqüentes e neurites, o que invariavelmente conduzem a uma amputação da cauda em idade avançada.

4) Bem estar animal.
Movimentos contra o corte da cauda e da orelha em cães são comuns no mundo inteiro. Muitos alegam, por desconhecimento, que se trata de procedimento mutilante, puramente estético e desnecessário.

Figura 3: Lesão de nervos cranianos e alteração da capacidade de expressão, provocada por conchectomia radical.


Como veterinária não posso concordar integralmente. Concordo que uma conchectomia radical (com interferência em músculos e nervos) possa ser prejudicial e considerada mutilante (figura 3). Entretanto, a conchectomia e a caudectomia, realizadas dentro de técnicas cirúrgicas adequadas e por profissionais competentes, não podem ser consideradas cirurgias desnecessárias, estéticas ou mutilantes. São cirurgias eletivas, atendendo perfeitamente às necessidades funcionais e zootécnicas para as quais as raças caninas, que dela se utilizam, foram desenvolvidas. Realizadas por pessoas não credenciadas ou com técnicas radicais, é um risco enorme ao bem estar animal.

Figura 4: Cadela com orelhas cortadas por intermédio de técnica cirúrgica adequada.

Foto: J.I.F. Ioná (Ch. J.I.F. Gauguin x J.I.F. Excalibur)



Como criadora há várias décadas e proprietária de cães, tanto com orelhas cortadas (figura 4) quanto com orelhas integras (figura 5), posso afirmar que os cães com orelhas cortadas têm maior acuidade auditiva, menor tendência a desenvolver otite e a chacoalhar as orelhas. Por sua vez os cães com orelhas íntegras têm menor predisposição ao ataque de moscas sugadoras. Quanto à estética, não vejo diferença alguma. Há algum tempo já optei por deixá-las integras, mas o proprietário tem direito ao livre arbítrio.


Figura 5: Cadela com orelhas integras.

Foto: J.I.F. Nova Delhi (Ch. J.I.F. Galileo x Ch. J.I.F. Helena de Troia)




Como protetora, pude observar que os filhotes das raças que são submetidos à conchectomia, realizadas por veterinários, recebem mais atenção de seus proprietários na principal fase de desenvolvimento de sua personalidade, são tratados e vacinados adequadamente, raramente são abandonados e em caso de necessidade, são mais facilmente recolocados em lares adotivos. O mesmo não acontece com os filhotes que são submetidos a cirurgias mutilantes em “rinhas de cães” e locais assemelhados.
Como educadora, não posso deixar de me preocupar com as conseqüências da resolução 877 do CFMV. A resolução do Conselho tem efeito restritivo apenas para o médico veterinário e não sobre pessoas desabilitadas e inescrupulosas, reais responsáveis pelos prejuízos ao bem estar animal.

sábado, 6 de junho de 2009

Um Verdadeiro Guardião

por Suzanne Blum
Foto: SC Saint Gothrd Pal's Raido
O olho vivo, ele anda no jardim em um passo firme. Nada escapa à sua vigilância. Intrépido, ele não conhece o medo, e ao primeiro barulho suspeito, ele pula. Guardar a casa é sua profissão, uma segunda natureza. É verdade que ele passa por ser desconfiado com estranhos, mas se ele está acostumado ao convívio com outras pessoas, não tem nenhum problema. Debaixo de seus ares altivos se esconde um coração sensível procurando carinho.

Um Cão que ame verdadeiramente a família

Foto: Ch. J.I.F. Charles Chaplin e Ninhada H (J.I.F. Charles Chaplin e Tequila de Vida Nova)
Com as crianças ele é um amigo sempre pronto, ele as segue e as convida para brincar, colocando sua bola perto dos pés deles. Só é preciso ter um pouco de cuidado, quando ele é ainda muito jovem, durante o seu primeiro ano de vida. Fogoso, ele poderia machucar uma criança muito pequena fazendo sem querer, que ela caia. Ele ainda não conhece sua força. Mais tarde, com a idade, ele vai se acalmar e principalmente controlar seus movimentos. Este grande sensível, não gosta muito de ser preso em um canil. Ele precisa viver em família. Intuitivo, ele advinha os estados de espírito de seu dono: Se este está triste, ele não vai convidá-lo para brincar, mas vai deitar sua cabeça afeituosamente sobre seu joelho.

Foto: J.I.F. Charles Chaplin (Cryptonite Crisgera x BISS Ch. Atlanta de J.I.F.) e Pi Ri Lim Pim Pim
Com outros cães ele se comporta bem, se for educado e conhecer as boas maneiras. Ele não procura brigas, mas também não foge dela. Se outro cão o provoca, ele poderá ficar perigoso. Se um outro cão vem morar em sua casa, ele o aceita bem, mas..... é ele quem domina. Ele precisa de um dono calmo e autoritário. O macho é mais impetuoso do que a fêmea. Se seu Dobermann é seu primeiro Dobermann, escolha de preferência uma fêmea. Menor do que o macho, mais dócil, ela é tão boa para guarda quanto ele. Macho ou fêmea, o Dobermann tem um temperamento dominante. Perto dos 6 aos 7 meses ele vai tentar dominar o seu dono, e se este deixa ele fazer o que quer, os aborrecimentos vão começar.

Foto: J.I.F. Hippie (J.I.F. Charles Chaplin x Tequila de Vida Nova)
Dotado de uma memória excepcional , o Dobermann é difícil de se corrigir, caso ele seja mal educado. Ele precisa de um dono calmo e seguro. É inútil batê-lo, ele poderá imaginar que é um convite para brigar. Precisa manipular seu altivo com habilidade. A voz e o tom vale muito. Fogoso, ele precisa de espaço. Grande e atlético, ele não é o tipo de cão a ficar confinado em um canil. Ele precisa de espaço para gastar suas energias. Ele pode viver em apartamento na condição de, ter no mínimo, dois verdadeiros passeios por dia. A volta no quarteirão não é o bastante. O Dobermann convém, particularmente, a esportistas. É um excelente parceiro para um marchador, um corredor, um ciclista. Mas o que ele ama acima de tudo, é viver com seu dono, acompanhá-lo no carro em viagens, seguí-lo por toda parte.

Pequena história do Dobermann no Brasil


Por Luís Henrique Junqueira


O Estado de Pernambuco, no Brasil, tem sido um dos locais preferidos pelos turistas para suas viagens de férias e passeios. Com suas belas praias e paisagens naturais, Pernambuco atrai pessoas do mundo todo. Mas o que pouca gente sabe é que Pernambuco teve papel de destaque no desenvolvimento da raça Dobermann no Brasil. Mais precisamente, a cidade do Recife. Foi lá que viveu Solon Frota, fundador do canil Tabajara do Norte. Frota foi responsável pela importação de vários cães de alta qualidade, provenientes da Alemanha, que influenciaram o início da criação no Brasil. Um dos destaques foi o Bundessieger Troll v. d. Eversburg, SchH 3. Ele foi largamente utilizado como padreador durante o período de 1953 a 1957, produzindo excelentes cães.

Foto 1: Conny v. Fürstenfeld.
Outra importação realizada por Frota teve grande impacto para a criação nacional da época. Foram os cães Conny v. Fürstenfeld (foto 1) e Ceno v. Fürstenfeld. Eles eram irmãos de ninhada de Citta v. Fürstenfeld. A ninhada "C" do canil Fürstenfeld, produzida por Herman Palmer, tornaria-se referência mundial na criação do Dobermann. A cadela Citta v. Fürstenfeld conquistou o título de Bundessiegerin na Alemanha, Campeã na Suíça e Campeã Internacional. Ela é a mãe de Vello v. Fürstenfeld, outro grande expoente mundial e responsável por inúmeras das linhas de sangue atuais. Uma irmã de sangue do Vello também foi trazida para o Brasil pelo Sr. Frota. Tratava-se de Kira v. Fürstenfeld (Bordo v. Fürstenfeld x Citta Fürstenfeld).

A partir de 1954, a senhora Suzanne Blum começa sua criação, em São Paulo, com o canil Haus Viking, utilizando cães de origem nacional, incluindo aqueles do canil Tabajara do Norte. Mas logo madame Blum começaria a fazer suas próprias importações, trazendo cães da França, Alemanha e Holanda. Suzanne Blum passaria a exercer grande influência na criação brasileira, sendo até hoje reconhecida como a "Mãe da Raça Dobermann no Brasil".

Entre as importações iniciais feitas por Suzanne Blum, destacam-se as fêmeas Toxi Germania, irmã do BdsSg Titus Germania (Lump v. Hagenstolz x Gilda v. Wellborn), Reni v. Forell (Arco of Fayette Comer x Citta Germania) e o macho Arko v. Mühleneck (linebreed 2:2 de Alex v. Kleinwaldheim). Arko foi acasalado com Toxi Germania, gerando Kurt v. Haus Viking. Este último, acasalado com a fêmea de nome If Tabajara do Norte (Troll v. d. Eversburg x Daisy v. d. Kastelldreef), que Suzanne havia adquirido de Solon Frota, deu origem ao Ch. Othello v. Haus Viking, nascido em 1963, e um dos mais influentes reprodutores de todos os tempos.

Em 1976 chega ao Brasil, através de outro criador, o cão Gogo v. Bavaria (neto de Bryan v. Forell). Gogo foi acasalado com a fêmea Tavey's Doeskin, trazida da Inglaterra. Desta união nasceu Brian v. Heiss, da criação de Athayde Reis Filho. Brian foi um cão de muito sucesso, conquistando os títulos de Campeão Internacional, Grande Campeão, Campeão Sul-Americano, Grande Vencedor Nacional e DT (Dobermann de Trabalho, título conferido aos cães que fossem aprovados em prova de obediência e temperamento).

Foto 2: Am Ch. Brunswing's Cryptonite
A partir da década de 70, começam as importações de cães dos Estados Unidos, principalmente do canil Marienburg, da criadora Mary Rodgers. A criação nacional experimenta então uma grande evolução, do ponto de vista de conformação e beleza, e os exemplares de Dobermann começam a despontar nas Exposições e Shows de Beleza, conquistando inúmeras premiações de BIS - Best in Show, situação que se mantém até hoje. Um dos canis que mais se destacou a partir deste período, foi o canil vos Henik do casal Alice e Juan Carlos di Lucca. Em colaboração constante com criadores americanos, era comum o envio de fêmeas de seu canil para acasalamento nos Estados Unidos. O canil vos Henik produziu inúmeros campeões ao longo dos anos, mantendo-se em primeiro lugar no ranking de criadores por diversas vezes. Entre os cães de sua criação, merece destaque o cão Rockland Lusky Serena v. Henik, que se sagrou Campeão do Mundo, na Exposição Mundial realizada na Argentina em 1993. O intercâmbio com criadores americanos tem sido frequente, o que permitiu a inclusão de sangue de Top Producers, tal como o de Am.Ch.Brunswig's Cryptonite (foto 2), no plantel brasileiro.

A partir das décadas de 80 e 90, volta a crescer o interesse por cães europeus por parte de alguns criadores. É a partir desta época que chegam os cães Melba v. Norden Stamm, irmã da famosa Multi Ch. Mia v. Norden Stam (Ebo v. d. Groote Maat x Anka v. Flandrischen Lõwen) e Onix v. Norden Stamm (Baron Bryan v. Harro's Berg x Kassandra v. Norden Stamm), utilizados pelo canil Zards em São Paulo. Eduardo Kunze Bastos, do Canil Nordhalbinsel em Brasília, traz a fêmea Loreley v. d. Alten Linde (filha de Edda v. d. Alten Linde e neta de Bingo v. Ellendonk), que se torna sua principal matriz. Vale a pena lembrar que Edda v. d. Alten Linde é mãe da IDC Siegerin Tessa v. d. Alten Linde que, por sua vez, é bisavó materna de Aick v. d. Kerpenburg, cão de grande destaque atualmente na Europa. Também nesta época, Suzanne Blum importa cães da Holanda, dos canis Diaspora e Franckenhorst. Entre eles estão Geba Goljim v. Diaspora (Bjorn v. Stokebrand x Ere-Iris-Ezra v. Diaspora), Mike v. Franckenhorst (Fela v. Franckenhorst x Dolly v. Franckenhorst) e Zenga v. Franckenhorst (Marienburg's Dark Daimler x Golda v. Franckenhorst), irmão de ninhada da BdsSg, AIAD Sg, DV Sg e EURO Sg Zoe v. Franckenhorst, importada pela Itália. Já o canil Rotdomweg é o responsável pela vinda do Am. Ch. & Multi BIS Marienburg's Morocco (Dexter v. Franckenhorst x Marienburg's Hollyhawk), que é pai de Marienburg's Dark Daimler (enviado para a Holanda e bastante utilizado na Europa).

J.I.F. Charles Chaplin






J Ch, Ch, Gr Ch e Ch Pan J.I.F. Charles Chaplin (Cryptonite Crisgera x BISS Ch. Atlanta de J.I.F.), descendente direto de Conny v Fürstenfeld, um dos principais cães formadores da raça no Brasil. Neco, como é conhecido pelos amigos, tem também em seu pedigree, os cães Toxi Germania, Gogo v. Bavaria e Brunswig's Cryptonite, citados no artigo Pequena História do Dobermann no Brasil.

O Desenvolvimento de uma Raça: Binômio criador/qualidade


por Peggy Adamson

Uma raça desenvolver-se-á, ou não dependendo de seus criadores não pelos seus leais admiradores, juízes ou expositores. O criador não está nunca satisfeito. Ele sempre acha que poderia fazer melhor. Exatamente como o escultor, o pintor, o poeta, ele é levado por uma compulsão criativa. Ele, mais do que qualquer outro, está limitado pela corrida contra o tempo. O escultor trabalha com pedra e seus erros podem ser corrigidos pelo cinzel, o criador trabalha com carne e seus erros podem levar gerações para serem corrigidos. O escultor pode deixar seu trabalho de lado e eventualmente voltar depois a ele, e o criador é um prisioneiro e realmente não pode nunca deixá-lo.
Criar Dobermann não é fácil. Não tem atrativos para o comerciante que procura uma mais rápida produção; assim como para os mais ricos que preferem pagar a outros para que tenham o trabalho e enfrentem dificuldades. O criador de Dobermann precisa por a mão na massa mesmo, especialmente se ele quer criar bons cães. Com pleno conhecimento de causa, ele encurta sua vida pelas horas que perde, com boa vontade sacrifica prazeres que os comuns dos mortais acham importantes.
Alguém o está forçando? Não. Ele o faz por sua própria vontade, por que está fascinado e tem orgulho do seu trabalho, pois ele persegue um sonho; O sonho de um Dobermann que ele espera um dia criar.
Mesmo que ele fosse o maior artista do país, provavelmente não conseguiria pintá-lo e sentir-se realizado. E também não poderia desenha-lo detalhadamente como um avião ou um navio.
Na imaginação de cada criador o sonho é o mesmo. Não é simples animal, mas assemelha-se ao resultado da montagem de vários. Não é uma foto, porque ele se movimenta, respira e tem personalidade. Não pode ser captado numa imagem, porque o animal do sonho não está definido e, apesar da imagem ser pouco nítida, a idéia é forte. Quando o pulso do criador bate mais rápido com excitação é porque ele sente na sua própria carne um animal que poderia ter feito parte de seus sonhos.
Como em todos aqueles em que a criatividade é forte, os criadores de Dobermann são individualistas. Eles nunca tolerarão serem dominados como também não aceitarão regulamentos ou regras. Entre criadores dignos desse nome, existe um respeito mútuo e compreensão, mesmo tendo opinião diversa. Talvez a razão seja a consciência que tem de que o trabalho de outros criadores poderá ser um degrau a mais para seu próprio conhecimento.
No Dobermann, como em outras raças afirma-se que há diferentes tipos. Um país deve sua grandeza a todas as nacionalidades que existem nele, cada uma contribuindo com seu melhor para enriquecer a nação como um todo. O Dobermann possui qualidades para o criador trabalhar e aperfeiçoá-lo e cada linha de sangue é sua contribuição para a raça Dobermann como um todo.
Um renomado criador é como a cabeça de uma família. Ele sente responsabilidade pela raça, pelos cães que cria, os que ele espera um dia criar e também por todas as pessoas que têm cães de sua criação. Ele gasta tempo e dinheiro sem limite em assuntos que julga ser de interesse para sua raça.
É esta responsabilidade fora do comum, combinada com sentido de continuidade, que marca a diferença entre o verdadeiro criador e um mero produtor de filhotes. O criador é um artista que procura perfeição; o produtor e o comerciante de filhotes estão unicamente interessados em fazer dinheiro. Eles vendem filhotes como mercadoria para qualquer pessoa que possa pagar o preço.
O Criador é o elo de ligação entre o passado e o futuro. Sendo ele consciente que o comprador de hoje poderá ser um criador de amanhã, ele faz o que pode para educá-lo e incutir nele os ideais e valores sobre os quais ele constituiu sua reputação.
Feliz é o comprador novato que adquire seu primeiro cão de um renomado criador, enquanto um produtor de filhotes pode vender uma ninhada inteira para um comerciante de cães. O criador insiste em contatos com os que compram seus filhotes e só venderá depois de se convencer que o cão e o futuro dono irão se entender bem. Mesmo se este inquérito só for bem entendido depois da compra, isto é a melhor proteção que um comprador novato pode ter.
Os produtores e comerciantes de cães quase sempre são excelentes vendedores. Eles nunca perguntam nada, o único interesse deles é de vender os filhotes o mais rapidamente possível, para evitar gastos e trabalho; o interesse deles acaba com a venda.
A posição de um renomado criador é muito diferente. Mesmo que o cuidado dispensado a seus cães possa lhe causar noites de insônia e aborrecimentos, ele nunca deixará que um único filhote ou mesmo um cão mais velho saia de sua casa para outro lar que não seja tão bom ou melhor do que aquele onde foi criado. Mesmo após a venda, a ajuda e os conselhos não acabam, mas continuam ao longo da vida do cão. Esta responsabilidade é aceita com alegria, sem espera de qualquer recompensa.
Cada clube de uma raça foi fundado por pessoas ansiosas de produzirem os melhores representantes da raça e de ajudarem os outros com os mesmos objetivos. No coração de cada um destes clubes, é necessário que haja criadores. Pode ser que nem todos concordem com aquilo que é considerado perfeição, mas pertencendo a um Clube Especializado, eles serão capazes de chegar a um senso comum para a raça.
Qualidade é para um criador o que um excelente tecido é para um alfaiate. De um bom material, uma variedade de trajes podem ser moldados, o mesmo acontecendo com o criador, que cria de acordo com sua própria imaginação e habilidade.
Sem ela, o cão pode ser famoso, mas nunca grande. Com ela, ele pode ser uma alegria para o seu proprietário ainda que seja incapaz de vencer uma exposição.
Estrutura é para um criador o que o molde é para um alfaiate. Um bom animal sem qualidade é o mesmo que um bonito traje feito com material inferior.
Estrutura como o corte de uma roupa é imediatamente evidente. Qualidade, como o tecido da roupa, será apreciada somente através de um exame mais próximo.
Mais essencial que a qualidade é a nobreza e um porte altivo. O cão deve mover-se de forma altaneira, com a guia livre e ser capaz de parar numa pose bonita por si mesmo, sem ser moldado ou arrumado por mãos humanas. Sua pelagem deve ser curta e brilhante e seu elegante pescoço deve entrar suavemente em seus ombros. Ele deve possuir uma cabeça agradável, onde os olhos e a expressão, mais do que especificamente o formato de sua cabeça, devem criar essa impressão.
O que é mais importante: estrutura ou qualidade? Como juíza devo dizer que é estrutura, porque o esqueleto de um cão é a verdadeira base de todo julgamento. Mas como criadora e proprietária, eu digo qualidade, pois quanto mais vivo com um cão, mais importante se torna a qualidade para mim. O caráter eu conheço no brilho daqueles olhos marrons escuros. Toda vez que me olha, vejo sua magnífica expressão. Quando ele se aproxima de mim para ser acariciado, minhas mãos sentem a suavidade de seu pelo. Estando ele sentado ou deitado, eu estou apreciando a beleza de sua cabeça, e quando ele fica alerta e atento, eu me torno consciente de seu porte altivo. Eu conheço sua estrutura, e isto é imutável, mas sua qualidade é redescoberta a cada vez que olho para ele.